K-CAI na COP30: Como evidências estão impulsionando as soluções climáticas

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Colleagues stand in a line in front of a projector smiling.
Esther Duflo, Paula Pedro, and Andre Zollinger pose alongside colleagues at the Food Systems Transformation Science and Philanthropy Advisory Group's portfolio launch event. Photo credit: Community Jameel

Em Belém, no Brasil, onde os rios amazônicos convergem e as florestas ajudam a regular a temperatura do planeta, a COP30 no mês passado foi uma cúpula única e um chamado à ação. Dez anos atrás, quando o Acordo de Paris foi assinado, o mundo estava a caminho de quase 4°C de aquecimento até 2100. Hoje, graças aos esforços globais e à inovação, essa projeção caiu para cerca de 2,7–3,1°C—um grau inteiro abaixo, mas ainda muito acima da meta de 1,5–2°C que cientistas afirmam ser crítica para evitar pontos de ruptura catastróficos.

Para o J-PAL, este momento reforça por que a evidência importa na luta contra as mudanças climáticas. Esta não é apenas uma crise ambiental—é uma crise de desenvolvimento. Pessoas de baixa renda em países de baixa e média renda são desproporcionalmente afetadas por choques climáticos, de perdas de colheita a enchentes e ondas de calor, que ameaçam avanços importantes no combate à pobreza.

É por isso que o J-PAL trabalha para gerar soluções climáticas que protejam meios de subsistência e promovam equidade. Desde o enfrentamento ao desmatamento até o fortalecimento da agricultura resiliente ao clima e a promoção de transições justas para comunidades vulneráveis, estamos trabalhando para transformar pesquisa em impacto real. Cinco anos após o lançamento da King Climate Action Initiative, nosso portfólio cresceu para mais de 100 projetos e 14 ampliações de escala, moldando políticas que reduzem emissões globalmente e alcançando diretamente 33 milhões de pessoas com ar mais limpo, melhores ferramentas de adaptação e tecnologia verde.

Durante a COP30, compartilhamos essa trajetória e olhamos adiante: explorando parcerias de financiamento para um Amazon Livelihoods Lab para testar soluções na interseção entre meios de vida e sustentabilidade, e avançando ideias ousadas para financiamento de adaptação e precificação equitativa de carbono que estimularam diálogo global.

Destaques da participação do J-PAL na COP30

Protegendo a natureza e apoiando comunidades locais

  • Painel sobre o uso de transferências monetárias para proteger a natureza: J-PAL LAC e The Nature Conservancy organizaram um painel que reuniu autoridades locais, profissionais de desenvolvimento e instituições de pesquisa para discutir o estado da evidência sobre programas de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA). Após Maria Paz Monge, gerente sênior de Políticas e Comunicações do J-PAL LAC, apresentar evidências sobre como desenhar políticas de PSA mais escaláveis e inclusivas, participantes discutiram barreiras centrais que dificultam uma participação mais ampla e justa, com base em lições de diversas regiões do mundo. Eles também enfatizaram o papel essencial das comunidades na co-construção dos programas de PSA (por exemplo, focalização, parâmetros de pagamento, termos contratuais, sistemas de entrega), garantindo maior adesão, escala operacional e impacto duradouro. Este evento integra um esforço mais amplo do J-PAL e da TNC para apoiar governos na implementação de melhores programas de PSA com base em evidências e práticas.
  • Diálogo sobre soluções climáticas inclusivas: Na Goals House, Esther Duflo se juntou a Kleber Karipuna, co-presidente da Aliança Global das Comunidades Territoriais, e a David Gelles, do The New York Times, para conversar sobre a liderança indígena na promoção de soluções climáticas inclusivas. A discussão reforçou a necessidade de mais pesquisas na Amazônia para preservar o meio ambiente e os meios de vida locais, uma área prioritária para o J-PAL nos próximos anos.
  • Aprendendo com lideranças indígenas: O J-PAL participou de um diálogo com lideranças indígenas, quilombolas e extrativistas para compartilhar estratégias climáticas para agricultura familiar e para mulheres no setor.

Financiando a adaptação climática

  • Palestra sobre o avanço da justiça climática com o enviado das florestas da COP30: Na Blue Zone oficial da COP30, Esther Duflo apresentou “Um grande acordo para mitigação, adaptação e compensação climática”. A proposta defende mais financiamento de países ricos para adaptação climática por meio de transferências monetárias diretas para pessoas afetadas por choques climáticos, subsídios comunitários e recursos governamentais para preparação a desastres. A sessão foi introduzida por Beto Veríssimo, enviado das florestas do Brasil e fundador do Imazon, um dos principais think tanks amazônicos.
  • Diálogo sobre a mobilização de coalizões empresariais para natureza e clima: Esther Duflo participou de uma conversa informal com Johan Rockström, diretor do Instituto Potsdam de Pesquisas sobre Impacto Climático, durante o evento de abertura do CASE, uma coalizão do setor privado que inclui grandes bancos brasileiros (Itaú, Bradesco) e empresas globais (Natura, Nestlé).

Construindo sistemas alimentares resilientes

  • Painel do J-PAL sobre pesquisa e escala para soluções agrícolas: Leonie Rauls, gerente sênior de Políticas do J-PAL, moderou um painel na Blue Zone sobre o que é necessário para levar inovações científicas em alimentos e agricultura à escala. A conversa, co-patrocinada pela OCP Nutricrops, reuniu lideranças que impulsionam transformações nos sistemas alimentares globais, incluindo Hicham El Azami, representando tanto a UJALA — um laboratório do J-PAL com foco em agricultura no Marrocos — quanto a OCP Nutricrops. Hicham apresentou como a UJALA está reinventando o papel do setor privado no financiamento e expansão de pesquisas relevantes para políticas agrícolas. O debate reforçou uma mensagem-chave: escalar não é apenas sobre tecnologia, mas sobre colaboração. Pesquisas desenvolvem soluções baseadas em evidência, implementações constroem sistemas robustos de entrega e bancos multilaterais criam ambientes de financiamento sustentáveis. Juntas, essas parcerias transformam inovações agrícolas promissoras em impacto global.
  • Painel sobre mercados para agricultores familiares enfrentando riscos climáticos: Leonie também apresentou no Pavilhão de Alimentação e Agricultura da CGIAR e da FAO, na Blue Zone, sobre intervenções de acesso a mercados baseadas em evidências para ajudar agricultores a construir resiliência. Após a apresentação, Leonie participou de um painel com organizações da International Agri-Food Network e uma agricultora da Global Farmer Network para discutir como alavancar o setor privado para integrar intervenções baseadas em evidência—como contratos agrícolas e tecnologias de armazenamento—nas cadeias de valor. Assista à gravação.
  • Evento sobre ampliação de inovações agrícolas baseadas em evidências: tópicos incluíram tecnologias de previsão para ajudar agricultores a se adaptarem à variabilidade climática, captação de água da chuva em regiões sujeitas à desertificação e inovações como sementes tolerantes a inundações—todas rigorosamente avaliadas por meio das iniciativas ATAIK-CAI do J-PAL.
  • Painel sobre o fortalecimento de mulheres agricultoras de pequena escala: Em um painel organizado pela BRAC sobre apoio a mulheres agricultoras na adaptação às mudanças climáticas, Andre Zollinger, gerente sênior de Políticas do J-PAL, enfatizou a importância de basear programas em evidências existentes e a urgência de novas pesquisas para esclarecer os impactos de políticas agrícolas especificamente sobre mulheres.

Próximos passos

Os riscos não poderiam ser mais claros: cada fração de grau evitada significa menos vidas perdidas, menos danos econômicos e comunidades mais resilientes. A boa notícia é que já sabemos o que funciona para avançar na direção certa—desde proteger sumidouros naturais de carbono, como florestas, até apoiar comunidades vulneráveis na adaptação a um clima em mudança.

Na COP30, mostramos como pesquisas rigorosas podem acelerar esse progresso: compartilhando insights sobre agricultura adaptativa ao clima, construindo uma coalizão de financiamento para apoiar um Amazon Livelihoods Lab e avançando ideias ousadas que apoiam agricultura, terras e mercados.

A próxima década é decisiva. Investir em soluções que já sabemos que funcionam pode mudar radicalmente a trajetória. Convidamos governos, organizações financiadoras e inovadoras a se unir a nós para ampliar ações climáticas baseadas em evidências—porque o custo da demora se mede em graus, e cada grau importa.

Saiba mais sobre nosso trabalho com meio-ambiente, energia, e mudança climática.

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